Asma

Alergia

Asma

Asma é uma doença obstrutiva crônica das vias aéreas inferiores, caracterizada por  inflamação brônquica. Seus sintomas são resultado da hiper-reatividade brônquica, que é uma resposta exagerada dos brônquios a determinados estímulos, provocando contração de sua musculatura lisa, edema de sua mucosa e hipersecreção de muco. E o resultado final desse processo inflamatório é a obstrução das vias aéreas, levando a dificuldade da passagem do ar pelos pulmões e às suas manifestações clínicas como tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar. Essa obstrução das vias aéreas inferiores é reversível espontaneamente ou com tratamento.

​Esta é uma doença muito comum, afetando cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e 20 milhões de brasileiros. Ela acomete em torno de 10 a 15 % das crianças em idade escolar, tendo uma incidência maior no sexo masculino durante a infância. É a doença crônica mais comum em crianças e a principal causa de absenteísmo escolar. O componente genético é muito importante nesta doença, já que se um dos pais é portador a chance de um filho desenvolvê-la chega a 25%, e se os dois pais são asmáticos a chance pode chegar a 50%.

Ela pode ser classificada em alérgica e não alérgica, sendo que, na infância, a asma é predominantemente alérgica (90% dos casos). Por isso, aqui iremos detalhar apenas a alérgica.

Definição

A asma alérgica consiste na inflamação das vias aéreas devido ao contato com substâncias desencadeadoras de alergia, os chamados alérgenos. Os principais alérgenos relacionados com a asma são: baratas (incluindo a saliva, fezes e partes de seu corpo), ácaros, mofo, animais de estimação (fezes, urina e pelos) e pólen de plantas (gramíneas, árvores e ervas daninhas).

Em geral, as crianças portadoras de asma, apresentam outras doenças alérgicas associadas como rinite ou dermatite atópica. Cerca de 80% dos pacientes asmáticos possuem rinite alérgica.

Sintomas

Como já descrito, o quadro clínico consiste em sintomas decorrentes da obstrução das vias aéreas inferiores como tosse, chiado no peito, dificuldade de respirar e aperto no peito. Mas, em crianças menores de 5 anos de idade, devemos prestar atenção aos seguintes sintomas que são muito sugestivos de asma: tosse que piora durante à noite ou amanhecer; tosse após esforços como correr, pular, chorar ou rir; e a melhora da tosse após uso de broncodilatadores.

Diagnóstico da asma alérgica

Mas é possível diagnosticar asma em crianças? Em pré-escolares e nos mais jovens é difícil, já que sibilância (chiado no peito) e a tosse são sintomas comuns em qualquer criança, mesmo as não portadoras de asma. Além disso, os exames complementares são pouco úteis. Desta forma, muitas vezes só é possível o diagnóstico sindrômico de sibilância recorrente (também conhecido como bebê chiador ou criança sibilante) por isso sendo necessário o seguimento dessas crianças até a idade escolar para um diagnóstico mais preciso.

Assim sendo, o diagnóstico de asma em crianças é feito, principalmente, pela história clínica de sibilância (chiado no peito) recorrente, história familiar de asma ou alergia, história pessoal de outras doenças alérgicas associadas (rinite, dermatite atópica ou conjuntivite alérgica), história de melhora após o uso de broncodilatadores e exame físico. Os exames diagnósticos serão realizados ou não, dependendo da idade do paciente.

Os principais exames diagnósticos para asma alérgica incluem a investigação dos alérgenos através da dosagem de IgE total e IgE específica (imunocap) ou teste alérgico (prick test), além da realização da prova de função pulmonar em crianças maiores de 6 anos.

 Situações que podem desencadear as crises

Mudanças bruscas de temperatura, infecções virais (vírus sincicial respiratório, influenza e rinovírus) e exercícios físicos (alguns pacientes podem apresentar crise de asma apenas quando realizam atividades físicas, caracterizando a asma induzida por exercício).

Fatores que predispõem ao desenvolvimento da asma na criança

Ter pais asmáticos, alguns fatores relacionados à mãe, como idade precoce ao engravidar e má nutrição, prematuridade, não aleitamento materno, baixo peso ao nascimento, presença de outras doenças alérgicas como rinite e dermatite atópica, exposição precoce a infecções virais (em especial ao vírus sincicial respiratório), morar em zona urbana e exposição precoce a alérgenos (ácaro, fungos, poeira).

Classificação da asma

A asma alérgica pode ser classificada, de acordo com a gravidade dos seus sintomas, em intermitente, persistente leve, moderada ou grave. Estima-se que 60% dos casos de asma sejam intermitentes ou persistentes leves, 25% a 30% moderados e 5% a 10% graves.

Os asmáticos graves são a minoria, mas são os que mais utilizam medicações e são hospitalizados. A avaliação da gravidade da asma pode ser feita pela frequência e intensidade dos sintomas e, quando possível, através da realização da função pulmonar. Outros aspectos também utilizados para classificar a gravidade da asma são: a tolerância ao exercício, a medicação necessária para estabilização dos sintomas, o número de visitas ao consultório e ao pronto-socorro, quantidade de vezes ao ano que necessita de corticoide sistêmico, o número de hospitalizações por asma e a necessidade de ventilação mecânica.

TABELA Classificação ASMA

Tratamento da asma alérgica

1. Medidas de controle ambiental para diminuição à exposição aos agentes causadores da asma;

2. Conscientização da família sobre a necessidade de um acompanhamento e tratamento a longo prazo, pois se trata de uma doença crônica;

3. Controle de outras doenças associadas que podem dificultar o controle da asma, como rinite alérgica, sinusite e obesidade;

4. Medicamentos para tratamento da crise aguda de asma:

  • Broncodilatadores inalatórios (β2agonista) de curta duração.
  • Anticolinérgico inalatório de curta duração.
  • Corticoides sistêmicos.
  • Sulfato de magnésio e aminofilina: como tratamento adjuvante, em casos graves e de uso apenas hospitalar.

5. Medicamentos usados para prevenção das crises de asma e controle da inflamação das vias aéreas a longo prazo:

  • Corticosteróides inalatórios isolados.
  • Antagonista de leucotrieno.
  • Broncodilatadores inalatórios (β2-agonista) de longa duração isolados.
  • Anticolinérgico inalatório de longa duração.
  • Associação de corticoide inalatório e broncodilatador (β2-agonista) de longa duração.
  • Anticorpo monoclonal humanizado: anticorpo Anti -IgE, liberado para crianças a partir de 6 anos de idade e o anti-interleucina 5, liberado para crianças acima de 6 anos de idade.
  • Corticoide oral: apenas em casos de asma grave, sendo necessário monitoramento de seus efeitos colaterais, quando usado a longo prazo.

6. Imunoterapia alérgeno específica (vacina de alergia), único tratamento que pode mudar o prognóstico e evolução da doença.

Vacinação em asma

As vacinas especificamente recomendadas para os pacientes com asma são contra Influenza; Vacina pneumocócica conjugada (VPC); Vacina pneumocócica polissacarídica (VPP); Vacina Haemophilus influenza tipo b (Hib); e Vacina contra Coqueluche (DTP).

E a bronquite? Asma e bronquite são a mesma doença?

Não! Os sintomas da asma são muitas vezes confundidos com os da bronquite, que também é uma inflamação dos brônquios, mas que na maioria das vezes está associada a processos infecciosos ou a agentes irritantes e não a um processo imunológico (alérgico ou não alérgico).

A bronquite aguda é causada por infecção viral ou bacteriana, com duração de apenas alguns dias. Já a bronquite crônica é provocada pela exposição prolongada ao cigarro ou outros irritantes inalados. Na bronquite crônica, as células do pulmão são progressivamente danificadas podendo levar ao quadro de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Entre em

Contato