Bebê Chiador

Alergia

Bebê Chiador

Bebê Chiador

 

Definição:

 

A síndrome do bebê chiador, também conhecida como lactente sibilante, é caracterizada por episódios de chiado no peito, tosse e/ou falta de ar que surgem de forma frequente, geralmente, provocados por uma hiper-reatividade dos brônquios da criança, que se estreitam na presença de certos estímulos, como um resfriado, alergia ou refluxo. Chamamos de síndrome porque a sibilância em lactentes é uma manifestação comum a diferentes doenças ou condições clínicas mais associadas a essa faixa etária.

 

Apesar de não ser necessariamente uma doença alérgica é um importante diagnóstico diferencial de asma em criança, por isso iremos discutir sobre ela.
São classificados como bebê chiador ou lactente sibilante as crianças menores de 2 anos de idade com quadro de sibilância contínua há pelo menos 1 mês ou, no mínimo, 3 episódios de sibilos num período de 2 meses.

 

São classificados como bebê chiador ou lactente sibilante as crianças menores de 2 anos de idade com quadro de sibilância contínua há pelo menos 1 mês ou, no mínimo, 3 episódios de sibilos num período de 2 meses.

 

Fatores de risco associados à Síndrome do Bebê Chiador:

 

Nos últimos anos, tem melhorado muito o entendimento dos fatores de risco envolvidos na recorrência de sibilância em lactentes, mas ainda estamos longe de compreender os exatos mecanismos. Acredita-se que ela seja decorrente da interação entre fatores genéticos e/ou anatômicos e fatores externos, como condições de gestação ou exposição a determinados agentes infecciosos e alguns medicamentos.

 

1 -Anatomia do aparelho respiratório: O aparelho respiratório dos lactentes apresenta algumas características particulares que predispõem à obstrução precoce, que, por sua vez, se manifesta por meio da sibilância:

 

    •   O pequeno calibre das vias aéreas determina alta resistência ao fluxo aéreo.
    •   Apresentam, relativamente, um maior número de glândulas mucosas, predispondo à hipersecreção;
    •   Suas cartilagens de sustentação de traqueia e brônquios são pouco rígidas, facilitando o colapso;
    •   O diafragma apresenta inserção horizontalizada, diminuindo a eficácia da contração muscular e, consequentemente, a ventilação de regiões inferiores dos pulmões;
    •   O número de fibras musculares resistentes à fadiga está reduzido, propiciando uma falência respiratória mais precoce.

 

2 – Condições e hábitos maternos durante a gravidez estão relacionados à sibilância nos lactentes: crianças nascidas de mães asmáticas têm maior risco de desenvolver asma, assim como filhos de mães que fumaram durante a gestação têm maior risco de sibilância e asma.

 

3 – A prematuridade seria outro fator de risco para sibilância transitória, uma vez que o pequeno calibre das vias aéreas destas crianças predispõe a sibilos durante infecções respiratórias.

 

4 – Cigarro: a exposição à fumaça do cigarro é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de sibilância nos primeiros anos de vida.

 

5 – Aleitamento materno: quanto à amamentação exclusiva nos primeiros 4 meses de vida, os resultados de estudos são controversos, sendo que algumas pesquisas a identificam como fator de proteção contra sibilância, enquanto outras não conseguiram confirmar tal hipótese.

 

6 – Infecções virais: vírus respiratórios, por exemplo, o vírus sincicial respiratório, o metapneumovírus, o paraInfluenza e o influenza, estão associados à maior sibilância em pré-escolares.

 

7 – Sexo masculino: boa parte dos estudos revelam taxas maiores de sibilância no gênero masculino. Dentre as justificativas para essa observação está o fato de os meninos apresentarem vias aéreas mais estreitas do que as meninas até a puberdade, além de maior prevalência de atopia e hiper-reatividade brônquica.

 

8 – Vacinas: no que diz respeito à vacinação conforme o programa básico de imunização, não se verifica diferença na chance de sibilância entre vacinados e não vacinados.

 

DIAGNÓSTICO

 

São várias as condições clínicas que podem levar à sibilância recorrente, seja por alterações anatômicas e/ou fisiológicas ou ainda por provocarem inflamação das vias aéreas.

 

Tabela 1 mostra alguns diagnósticos diferenciais na síndrome do lactente sibilante.

 

 

A história clínica e o exame físico detalhados podem fornecer informações capazes de apontar para determinado diagnóstico alternativo. Quando necessário podemos solicitar exames como endoscopia digestiva alta, EED, Rx de tórax, Ecocardiograma ou exames de sangue para descartar determinados diagnósticos diferenciais.

 

Para diagnosticar o bebê chiador ou lactente sibilante como asmático é necessário um acompanhamento à longo prazo desse paciente para acompanhar sua evolução, se essa criança irá persistir com quadro de sibilância após 4 anos de idade. Alguns aspectos são sugestivos de que esse bebê chiador possa evoluir para um quadro de asma: presença de pais asmáticos, história pessoal de dermatite atópica ou rinite alérgica e crises de sibilância na ausência de quadros virais.

 

TRATAMENTO

 

O tratamento do lactente sibilante deve ser sempre iniciado por orientações de higiene ambiental, independentemente da causa. O tabagismo passivo deve ser desencorajado, sendo a fumaça de cigarro um importante irritante da via aérea, mesmo para indivíduos que apresentam mucosa respiratória íntegra. Deve ser orientada a remoção de poeiras e, consequentemente, dos ácaros, pela relação direta entre sensibilização aos ácaros e asma. O mesmo vale para mofos e alérgenos de animais.

 

Uma vez determinada a causa, o tratamento é direcionado de acordo com a necessidade. Por exemplo, ao se estabelecer um diagnóstico de doença do refluxo gastresofágico, o tratamento pode ser feito com uso de medicações anti-refluxo; caso seja identificado fibrose cística deve-se iniciar o tratamento específico para essa doença, etc.

 

Todavia, alguns casos, apesar da história clínica e do exame físico serem detalhados, permanecem sem causa definida, apesar da história clínica. Nessa situação, os pacientes devem ser tratados como asmáticos tanto no tratamento profilático, quando necessário, quanto no tratamento das crises agudas de sibilância. Veja o tópico sobre asma em crianças.

 

Por fim, o sucesso do tratamento dos lactentes sibilantes depende, em primeiro lugar, da correta identificação da doença de base. Além disso, o estabelecimento de um vínculo com a família é essencial, reafirmando a compreensão das razões do tratamento e reforçando a adesão. A revisão sistemática das técnicas de inaloterapia e da higiene ambiental também são pontos-chave para a obtenção de bons resultados.

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