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Urticária

A urticária é definida como uma condição determinada pelo aparecimento de urticas, angioedema ou ambos. A urtica (vergões) é caracterizada por uma lesão com edema central de tamanho variável, quase sempre circundada por eritema (vermelhidão), sensação de prurido ou queimação e de natureza fugaz, ou seja, aparece e desaparece rapidamente, em diferentes locais do corpo e depois a pele volta ao seu aspecto normal entre 30 minutos e 24 horas.

O angioedema, ao contrário da urticas (vergões), não coça, mas pode provocar uma sensação de dor ou desconforto no local. Ele não tem uma natureza fugaz como as urticas, podendo demorar até dois dias para desaparecer. Ele se apresenta como edema súbito e pronunciado do subcutâneo ou mucosas, podendo envolver pálpebras, lábios, genitais, palmas das mãos e plantas dos pés. Os pacientes que apresentam angioedema associado a urticária, tem uma tendência de serem mais refratários ao tratamento com anti-histamínicos, além de terem uma duração mais prolongada da doença.

A urticária pode ser classificada de acordo com o tempo de sua duração em urticária aguda, quando os sintomas podem persistir até 6 semanas, e urticária crônica, quando seus sintomas passam de 6 semanas. Na infância predomina a urticária aguda.

A urticária acomete de 15 a 20% da população em alguma época da vida ´porém é predominante na idade pré escolar. Durante a infância, a distribuição entre os sexos é igualitária, diferente da fase adulta, em que predomina no sexo feminino.

Urticária aguda

É a forma mais comum de urticária em criança e sua principal causa nesta faixa etária são as infecções virais (48,6% dos casos), seguida pelos alimentos (20 % dos casos) e   medicamentos (12 % dos casos). Os sintomas podem envolver as urticas e/ou angioedema, que duram até 6 semanas e na maioria das vezes não é necessário realizar exames complementares, o diagnóstico é feito pela história clínica e exame físico. O tratamento inclui algumas estratégias: é necessário tentar identificar e remover a causa. Por exemplo, se a causa é infecciosa ver a  necessidade de tratamento do agente infeccioso ou apenas esperar a resolução espontânea da infecção, se for  de origem alimentar realizar a dieta de exclusão e se for medicamentosa realizar a identificação da medicação ,orientar a família a não utilizar mais  tal medicamento e lhe oferecer alternativas para substituí-lo numa próxima ocasião.

O tratamento medicamentoso inclui principalmente anti-histamínicos (antialérgicos) via oral. Podendo muitas vezes ser necessário a associação de duas classes de anti-histamínicos diferentes para controlar os sintomas. O uso de corticoides orais pode ser necessário por curtos períodos. Não existe eficácia na utilização de medicamentos tópicos como anti-histamínicos e corticoides tópicos. Alguns fatores podem piorar uma crise de urticária aguda como o estresse e aquecimento do corpo além do uso de anti-inflamatórios não esteroides.

Mas o principal é orientar a família sobre a evolução natural da doença, esclarecendo a possibilidade de um curso longo de até 6 semanas dos sintomas e que o reaparecimento das placas de urticária, mesmo com uso de medicamentos, é comum. Orientar bem a família auxilia diminuir a ansiedade da mesma, evitando idas excessivas ao pronto socorro e realização desnecessária de exames.

Urticária crônica

Pouco presente em criança tem duração prolongada, maior que 6 semanas, e por isso gera muito desconforto, ansiedade e pode até levar à depressão. Também pode ter como manifestação as urticas e/ou angioedema. Pode estar associada a doenças sistêmicas (Diabetes, Lúpus, Doenças da tireoide), sendo necessário realizar exames complementares para descartar possíveis doenças. Ela é dividida em dois subtipos:

  • Urticária crônica espontânea: a mais frequente. As lesões surgem sem que se encontre qualquer fator externo responsável.

  • Urticária crônica induzida: as lesões são desencadeadas por fatores externos específicos (por exemplo, frio, calo e pressão), identificados pela história clínica e testes de provocação. Neste tipo de urticária, até 50% dos pacientes apresentam como manifestação clínica o angioedema.

Existem ainda cerca de 3% dos pacientes que apresentam apenas o angioedema como manifestação de urticária espontânea. Estes casos merecem atenção especial e muitas vezes investigação com exames complementares, já que existem outras causas para o angioedema recorrente isolado, como o Angioedema hereditário. Embora seja raro, o angioedema hereditário (AEH) é uma doença potencialmente grave, que frequentemente acomete mais de um membro da família, e começa a se manifestar por volta da 2a década de vida. Uma diferença importante em relação ao AEH é que ele não responde ao tratamento com anti-histamínicos, corticosteroides e adrenalina. O diagnóstico deste tipo de angioedema é feito através de exames de sangue específicos.

O tratamento da urticária crônica vai depender da intensidade dos sintomas e da frequência das crises. Caso existam doenças sistêmicas associadas, deve-se realizar o tratamento das mesmas além de identificar fatores desencadeantes (uso de medicações, desencadeantes físicos como calor, frio e pressão) para evitá-los. O uso de medicamentos também inclui os anti-histamínicos, de preferência, os de segunda geração, já que seu uso pode ser crônico, evitando efeitos colaterais como sonolência, mas muitas vezes é necessário associar anti-histamínicos de primeira e segunda geração. Outra classe de medicamentos que podem ser utilizados são os anti-leucotrienos. Em casos de urticária crônica de difícil resolução podem ser utilizadas medicações com ação imunossupressora, como ciclosporina, colchicina, dapsona e metotrexate. Outra alternativa é o uso ode anticorpo monoclonal anti-IgE (omalizumab).

É preciso combater alguns mitos que envolvem a urticária: a doença não é contagiosa, a urticária crônica não é causada por alimentos e nem poeira, urticária generalizada não é sinônimo de anafilaxia, angioedema na face não necessariamente evolui para edema de glote, nem toda urticária necessita de corticoide e, por fim, urticária nem sempre é uma alergia.

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