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Alergia ocular

A alergia ocular é um grupo de doenças que envolve mecanismos imunológicos levando a uma inflamação alérgica da conjuntiva, uma membrana fina e transparente que recobre a parte anterior dos nossos olhos. A alergia ocular é desencadeada pelo contato dos alérgenos dispersos no ar, como os ácaros da poeira, pólens de grama, epitélios de animais domésticos ou esporos de fungos.

Seus principais sintomas incluem coceira nos olhos, hiperemia conjuntival, edema conjuntival ou palpebral, lacrimejamento, fotofobia (incomodo com a claridade). São recorrentes e em geral nos dois olhos, podendo ser pior em um dos olhos. Está associado à história pessoal ou familiar de outras doenças alérgicas. Nos casos crônicos e graves, pode levar a alterações da visão e atrapalhar o desempenho escolar nas crianças.

A conjuntivite ocular é uma das manifestações de alergia ocular, podendo surgir de forma isolada, mas frequentemente está associada a outras doenças alérgicas. Cerca de 75% dos pacientes com  rinite alérgica terão conjuntivite alérgica e 20% dos pacientes com asma alérgica também terão conjuntivite alérgica.

Estudos mais recentes mostram uma maior prevalência de conjuntivite alérgica em meninos durante a infância e, após a puberdade, nas meninas.

O diagnóstico é basicamente pela história clínica, exame oftalmológico, história pessoal ou familiar de alergia e, quando necessário, exames para investigar os alérgenos causadores da alergia (Imunocap ou teste alérgico).

Principais apresentações clínicas das alergias oculares:

Conjuntivite sazonal

É a forma mais comum de alergia ocular, geralmente associada à rinite ou asma. Costuma provocar sintomas leves a moderados, mas persistentes e que surgem todos os anos numa mesma época, geralmente durante a primavera já que é o período em que há mais pólen no ar. No Brasil é mais comum nos estados do Sul entre os meses de agosto e dezembro. Os principais sintomas são prurido, lacrimejamento e fotofobia. Ao exame ocular há hiperemia de conjuntiva, edema de conjuntivas e papilas, mas sem comprometimento córneo. O tratamento consiste em medidas de controle ambiental, compressas frias para aliviar a coceira, lubrificantes oculares, anti-histamínicos tópicos oculares e imunoterapia alérgeno específica (vacina de alergia), quando indicado.

Conjuntivite alérgica perene

É semelhante à sazonal, entretanto seus sintomas são crônicos, ao longo do ano, com períodos de melhora e piora, independente da estação. Relacionada à exposição ambiental aos alérgenos domésticos como ácaros, pelos de animais e mofo. O tratamento consiste em medidas de controle ambiental, compressas frias para aliviar a coceira, lubrificantes oculares, anti-histamínicos tópicos oculares e imunoterapia alérgeno específica (vacina de alergia), quando indicado.

Conjuntivite primaveril ou vernal

É uma afecção alérgica crônica bilateral da conjuntiva, com exacerbações sazonais e mais frequente na primavera e verão, em regiões de clima quente e seco. Afeta principalmente meninos entre 5 e 15 anos de idade, com tendência a cura na fase adulta. Geralmente, está associada com outras manifestações alérgicas como asma, rinite alérgica e dermatites. Sintomas como prurido, fotofobia e hiperemia conjuntival são mais severos que nas conjuntivites sazonais e pode haver dor ocular que está associada a lesões corneanas. Ao exame ocular encontramos hipertrofia papilar (com papilas gigantes em alguns casos) e nódulos de Horner-Trantas (constituídos por eosinófilos degenerados), podendo haver acometimento corneano, com ceratite puntacta e úlcera em escudo. Nesses casos de comprometimento corneano, recebe o nome de ceratoconjuntivite vernal. O tratamento dos casos leves pode ser feito de modo semelhante ao empregado nas conjuntivites sazonais: medidas de controle ambiental, compressas frias para aliviar a coceira, lubrificantes oculares, anti-histamínicos tópicos oculares. Já nos casos moderados a severos, especialmente nos períodos de crises, o tratamento da conjuntivite vernal requer o uso de corticoides tópicos. Além do tratamento com imunoterapia alérgeno específica (vacina de alergia), quando indicado.

Conjuntivite atópica

É a mais rara das alergias oculares, mas pode levar a graves sequelas oculares, como ceratocone e catarata. Mais comum em adultos entre 30 e 50 anos com dermatite atópica desde a infância. É mais prevalente em homens. Acomete pálpebras, conjuntivas e córneas. Seus principais sintomas são prurido intenso, fotofobia, sensação de queimação e corpo estranho além de dermatites e fissuras das pálpebras. Ao exame ocular apresenta reação papilar, a córnea é acometida com ceratite puntacta, podendo haver defeitos epiteliais persistentes, úlceras e formação de leucomas (opacidades na córnea) nos casos mais graves. E, como já citado, podendo levar a catarata e ceratocone. O tratamento consiste nas medidas de controle ambiental, compressas frias para aliviar o prurido, lubrificação ocular com lágrimas artificiais e uso de anti-histamínicos tópicos ‒ sendo frequente a necessidade do uso de corticoides tópicos. Algumas vezes, além das medicações tópicas, é necessário associar anti-histamínicos ou imunomoduladores sistêmicos.

Conjuntivite papilar gigante

É caracterizada pela presença de papilas gigantes na conjuntiva palpebral superior, associada mais frequentemente ao uso de lentes de contato gelatinosas. No entanto, pode estar presente nos outros tipos de alergias oculares, sendo mais comum na forma vernal. É caracterizada pela presença inicial de secreção mucosa ocular pela manhã, após a remoção da lente de contato e seguida por sensação de corpo estranho e coceira.

O tratamento consiste em suspensão do uso das lentes de contato além da utilização de anti-histamínicos e corticoides tópicos. Em alguns casos, além do tratamento clínico, é necessário remover cirurgicamente as papilas. Na readaptação ao uso das lentes de contato, elas devem ser substituídas por um material diferente e também substituir os produtos de limpeza das lentes.

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