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Rinite

Rinite é a inflamação da mucosa do revestimento nasal e é caracterizada pelos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorréia anterior ou posterior, espirros, prurido nasal e ou hiposmia. Geralmente ocorrem durante dois ou mais dias consecutivos, por mais de uma hora na maioria dos dias.

Essa inflamação pode ter causas alérgicas (como ácaros, polens, poeira, fungos, animais), infecciosas (na maioria infecções virais) ou irritativa/não alérgica. Nas crianças, os principais tipos de rinite são as infecciosas (até 4 anos de idade) e a alérgica (após os 4 anos até adolescência). Por isso, iremos abordar aqui apenas as rinites infecciosas e alérgicas.

Rinite alérgica

A rinite alérgica pode ocorrer em qualquer idade, mas é pouco observada até os 4 anos de vida, sendo difícil de ser diferenciada das rinites infecciosas. Com o avançar da idade, há um progressivo aumento de sua incidência, atingindo seu pico entre o período de adolescência e adulto jovem.

Principais sintomas:  crises de espirros principalmente pela manhã, coceira no nariz, coriza clara e obstrução nasal. Em crianças, podem ocorrer episódios recorrentes de epistaxe (sangramento nasal) relacionados à fragilidade dos vasos sanguíneos da mucosa nasal, de espirros ou ao ato de assoar o nariz vigorosamente. Outros sintomas associados são a coceira nos olhos e lacrimejamento (caracterizando a rinoconjuntivite alérgica), além de coceira no “céu da boca”, garganta e ouvidos. A obstrução nasal grave pode interferir na drenagem dos seios paranasais e da tuba auditiva, muitas vezes causando cefaleia, dor de ouvido, diminuição da acuidade auditiva, respiração oral, roncos ou voz anasalada.

Consequências da rinite alérgica: em decorrência dos sintomas nasais podem ocorrer distúrbios do sono, acarretando em irritabilidade, cansaço crônico, falta de concentração e consequente mal desempenho escolar. Além da irritabilidade, a perda de olfato também pode ser responsável pela diminuição do apetite nas crianças.

Características faciais da rinite alérgica: são alterações presentes na face do paciente causadas pelos sintomas crônicos da rinite alérgica: olheiras, dupla linha de Dennie-Morgan (são pequenas pregas embaixo das pálpebras inferiores) e prega nasal horizontal (causada pelo frequente hábito de coçar a narina com movimento para cima).

Classificação da rinite alérgica: A classificação pode ser feita pela época do ano em que os sintomas ocorrem e/ou pela frequência e intensidade que estes sintomas se apresentam.

-Sazonal ou perene: a rinite é considerada sazonal quando os sintomas ocorrem em apenas algumas estações do ano e estão relacionados principalmente à exposição a polens, presentes em países de clima temperado e também no sul do Brasil. Já os sintomas da rinite alérgica perene podem ocorrer durante o ano todo e estão relacionados à exposição a ácaros, fungos, poeira e pelos de animais.

-Intermitente ou persistente: de acordo com sua frequência. É classificada como intermitente quando os sintomas estão presentes menos que 4 dias na semana ou por um período menor que 1 mês. E é classificada como persistente quando os sintomas estão presentes mais do que 4 dias por semana, por mais de 4 semanas.

– Leve, moderada e grave: de acordo com a intensidade dos sintomas.

Fatores desencadeantes ou agravantes da rinite alérgica: exposição a aeroalérgenos (ácaros da poeira, baratas, fungos ou pelos, saliva e urina de animais domésticos). Além destes, também podem desencadear uma crise de rinite alérgica as mudanças bruscas de clima, a inalação de irritantes inespecíficos (odores fortes de produto de limpeza, gás de cozinha, fumaça de cigarro, poluentes atmosféricos e ocupacionais), a inalação de ar frio e seco (ar condicionado), além da ingestão de anti-inflamatórios não hormonais em pacientes predispostos.

Diagnóstico da rinite alérgica: é basicamente clínico, mas inclui a história clínica, antecedentes pessoais e familiares de alergia, exame físico e exames complementares. Alguns dos exames complementares que podem ser feitos incluem: nasofibroscopia, citologia nasal, hemograma, dosagem de IgE específica para a pesquisa do alérgeno através do teste alérgico (prick test) ou IMUNOCAP (dosagem sérica do IgE específico).

Seu tratamento inclui:

  • Anti-histamínico (antialérgico) oral: auxilia na inibição da ação da histamina, melhorando principalmente os sintomas como espirros, coceira e coriza. Diferente dos corticoides orais, são seguros para o uso a longo prazo, devendo utilizar como primeira escolha os antialérgicos de segunda geração que não causam sonolência. Exemplos: fexodenadina, loratadina, desloratadina, levocitirizina, ebastina, cetirizina, bilastina e cetotifeno;
  • Corticoide nasal: inibe a liberação de substâncias inflamatórias na mucosa nasal, levando a melhora de todos os sintomas da rinite. Apesar de ser corticoide são muito seguros, pois têm uma ação mais local na mucosa do nariz do que sistêmica, sem os efeitos colaterais indesejáveis dos corticoides orais. Exemplo: mometasona, budesonida, triancinolona, ciclesonida, fluticasona, beclometasona;
  • Antileucotrieno: inibe a ação inflamatória dos leucotrienos, mas não tem efeito tão importante nos sintomas da rinite alérgica como os corticoides tópicos e deve ser utilizado como segunda opção ou em associação a outros medicamentos;
  • Lavagem nasal com solução hialina: simples, barato e auxilia na limpeza nasal, removendo os alérgenos que ficam em contato com a mucosa estimulando a crise alérgica. Pode melhorar até 30% dos sintomas da rinite, por isso deve ser feito diariamente mesmo que o paciente esteja sem sintomas. Também ajuda a evitar complicações, como rinossinusite e otite, pelo acúmulo de secreção nas vias aéreas superiores;
  • Imunoterapia alérgeno específica (vacina de alergia): estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos de memória contra os alérgenos causadores de alergia, sendo o único tratamento que pode mudar o prognóstico e a evolução da doença, diminuindo a longo prazo a frequência e intensidade das crises;
  • Vasoconstritores tópicos nasais: CONTRA INDICADOS para crianças por seus possíveis efeitos colaterais como aumento da pressão sanguínea, bradicardia e depressão do sistema nervoso central, além do possível efeito rebote (inicialmente melhora os sintomas, mas depois piora) e o desenvolvimento de rinite medicamentosa.

O não tratamento adequado da rinite alérgica pode levar a sinusite e otites de repetição, asma não controlada, distúrbios da respiração além de distúrbios de aprendizado e alimentares em crianças.

Rinite infecciosa

Podem ser classificadas em agudas e crônicas. As agudas são as mais frequentes em crianças e, na maioria dos casos, são virais.

Rinites virais podem ocorrer já nas primeiras semanas de vida, tornando-se mais frequentes quando há o contato com outras crianças em creches, escolas ou irmãos mais velhos. Nos primeiros anos de vida, a frequência média de infecções virais pode atingir até 10 resfriados ao ano. Esse grande número de infecções virais das vias aéreas superiores nas crianças tende a agravar a rinite alérgica já preexistente, podendo acarretar complicações como rinossinusite e otites.

Os principais vírus causadores de rinites infecciosas nas crianças são os rinovírus, responsáveis por 30% a 50% dos casos. As demais infecções são causadas por coronavírus, parainfluenza, adenovirus, enterovirus, vírus da influenza ou vírus sincicial respiratório.

O tratamento é à base de sintomáticos: antitérmicos e analgésicos, lavagem nasal com solução fisiológica e anti-histamínicos quando necessário.

Deve-se suspeitar de complicações, como rinossinusite bacteriana, se houver piora dos sintomas após o quinto dia de doença ou persistência de sintomas superior a 10 dias.

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